segunda-feira, janeiro 03, 2011

M O R T I S EST





A tomei me meus braços

Com o ardor gélido do meu hálito balbuciei fino sobre o seu ombro

Apertei-a firme

Beijei-a à cautelosamente e ao fechar dos olhos dela

Pude perceber como era bela, e a injustiça que fora

Perder-te de mim tão cedo

O quanto aproveitaria se ex-tivesse a oportunidade

O quanto brincaríamos mais em nossa infância

Em quanto adubo chacoalharia pra ver brilhar uma vez mais o teu sorriso

E assim deixei-a

Enquanto do outro lado da sala a passos longos tênues e lentos ia ao seu encontro

Sentia o peso do teu desassossego

Peguei-a num volumoso e sorrateiro canto do meio

Num falante abraço silencioso

Duradouro

Longo

Pude sentir o peso da sua respiração

A convalescência da minha de encontro a tua

Queria roubar tua dor pra mim

No desencontro dos corações observei teus olhos

O direito de esclera “enrubrecida” e febril

Fazia par com o esquerdo que conjuntamente fixavam-se nos meus

Fora o cansaço e o brilho turvo deles podia ouvir tua dor

Quisera eu amansá-la, libertá-la de qualquer infâmia e desprezo pela vida após isso

Mas estes tipos de coisas não são assim,

Como líquido quando se evapora

Estas coisas são sólidas estacas glaciais que não derretem

Antes fossem de madeira,

O que me faz entender que cada qual constrói o teu calvário

E no meu queria roubar a dor de todos pra que ninguém sofresse por estas perdas que se veem

Que se sem-tem

Pudera voltar no tempo

Decifrar os códigos divinos

Observar atentamente os sinais misteriosos

E prevenir cada minuto

Mas não dá

Tão grande é sua dor quanto a minha, a pena é não saber o peso que atinta faz na tua caneta

E nem como continuarás a escrever os versos de tua folha

Só se lembre de que

De nada adianta abdicar de letras

E símbolos sem que

Não se possa dizer de alguma forma o que se sente

Continue, mas se permita a pausa.

Um comentário:

Chá De Boldo disse...

... e no calvário roubar a dor de todos... salvar o mundo, com a rubra cor da tinta na caneta... a cor do coração.