segunda-feira, março 29, 2010

mais um copo de vinho


impossível amor
impassável dor
deflagro maldições pequenas aos ventos
quisera poder realizar todas
mas meu mau é diferente,
faz bem.
por mais que ando nunca encontrarei
tamanho brilho inalcansável
tamanha a complexidade de sua existência
as palavras vagam pelo ar
ao longo das areias do tempo
aprisionadas neste corpo de vidro
frágil flagelo andante
fraco fermento que não vingas
vin-gas, vem-gas, vem-kás
te digo
o teu sangue nunca me servirá, pois não sou digno,
caminharei pelas terras onde jorram flores
e a chuva cairá em minha labutada pele
trabalhada como argila ela suará
e nesse suor saberás
ele em si és-força
força tua e só tua que em mim se forçosamente revela
relva-de-vela que o mesmo vento amaldiçoado
bate e faz bailar como so cabelos enraizados do junco.
como teus méis escoando ao ar em gotículas que se transformam no orvalho da matina.
e todo dia que anoitece quero te ver o sol de manhã
pois nele um pouco de você mais-tinha
e assim seguirei;
pra que um dia o suor chuvoso que cai pelas areias que são levadas pelo vetno
dentro dessa cúpula amaldiçoada possa, quisá, reaver sua salvação

e ainda sim haverá a música!

2 comentários:

Diego disse...

Grande Marcinho, época e lugar errado, mas você é um grande pensador, um grande amigo, uma grande alma moleque. Blog sensacional e vamos conversar qualquer dia desses. Abração.

ricardo f. silva disse...

"e todo dia que anoitece quero te ver o sol de manhã"

Romantico ser.
Citei essa, e é parte daquela
"meu mal é diferente, faz bem"

E faz. Testemunha serei.
Quem traz paz no peito, ignora as guerras.